Ivan Navarro | ExFinito

Farol Santander, São Paulo, SP
2021
Produção Executiva

Curadoria: Marcello Dantas

Nascido no Chile, radicado em Nova York, Iván Navarro criou um método de envolvimento do espectador a partir de elementos de sedução do olhar, como espelhos, luzes, e vidros. A eletricidade também é matéria essencial em seu trabalho: energizada, a obra revela uma dimensão paralela e a possibilidade da ilusão de um infinito – que não existe, mas se percebe. O jogo entre o corpo e a visão produz uma dúvida sobre qual portal se apresenta à nossa frente.

 

Ao entrarmos num labirinto de cor e de espelhos, nos vemos diante de uma dimensão singular da existência. O labirinto é o lugar onde nos perdemos; o espelho, onde nos encontramos. E se o espelho, em vez de refletir o que somos, refletisse o que existe em nosso interior? Esse momento de revelação nos mostra o avesso da mente que raciocina, o abismo que nos habita. 

 

O acontecimento na obra de Iván Navarro está no território da incerteza. Ele provoca sistematicamente nossos sentidos, fazendo-os duvidar daquilo que percebem. A ideia de ver para crer não vale para essa experiência: na presença de suas obras, há, por um lado, a certeza de que se está vendo, e, por outro, a impressão de que se está sendo traído pelos próprios sentidos – porque elas desafiam a razão. Ver não é crer.

 

O artista trabalha com um tipo de que material específico, chamado espelho de interrogatório – usado normalmente por policiais e analistas de comportamento de mercado, uma vez que permite ver a imagem somente de um lado. O nome do artefato é, em si, uma proposição conceitual de obra: um espelho que pergunta, que não oferece respostas, mas demanda do observado um comportamento ou uma revelação. A interrogação surgida a cada olhar ali é, por si só, um ato participativo diante da obra. No fundo, todos estamos na vida com uma enorme curiosidade em descobrir quem somos e o que refletimos. Mas, acima de tudo, persiste sempre a pergunta: o que há atrás do espelho?

 

A instalação aqui apresentada foi realizada em colaboração com a artista Courtney Smith. Ela nos coloca nesse espaço simbólico do infinito, um lugar em que temos a consciência de que nunca teremos fôlego para chegar ao fim. Usando luzes, espelhos e posicionamentos ambíguos, Navarro cria uma situação na qual sua obra é consumada a partir de nossa posição em relação a tantas reflexões. Essa sensação abissal, de vazios, frestas e perspectivas que se abrem para uma dimensão desconhecida, pode ser a consciência de um universo paralelo, de uma trama secreta ou de um estado de percepção alterado. Viajar pelo labirinto é ter uma clara noção de que existe algo além do mundo das aparências; entender o labirinto nos habilita a enxergar o nosso fim no infinito, e aprender o que é ser exfinito.